domingo, 18 de maio de 2008

Perturbar é preciso

Surpreendem-se com a barbárie em que vivemos, oh meu não-Deus! Estão revoltados com a matança de policiais, ai, ai! Esses mesmos defensores do Estado de direito e democrático assassinam trinta inocentes, pobres, suburbanos, mas e daí? Tão-somente suprimiram mais trinta potenciais criminosos! Um alívio para nossa pia sociedade. A imprensa, míope, faz vista grossa. Chacina de sem-terras e crianças acontecem aos baldes! Alívio implícito para nossos corações e nossos pertences. Terei eu pena desses policiais?Aterrorizar-me-ei com a depredação de bancos e ônibus? Esses parasitas, esses sanguessugas (empresários e banqueiros) que se alimentam da miséria de um povo provocar-me-ão sentimento de solidariedade pelos mesmos e de repulsa pelos “bandidos”? Quem nessa história é o verdadeiro bandido? Ser-me-ão capazes de responder, moralistas defensores da ordem? Que imponham pena de morte e que seja eu o primeiro condenado, mas após eu, quem seria o próximo? Os parasitas capitalistas do sistema financeiro, o juiz Nicolalau, os políticos corruptos que usurpam milhões ou o pobre favelado que furtou uma galinha? Faltam policiais. Que nomeiem toda a população como oficiais de polícia! A carnificina elevar-se-ia em cem por cento. Culpar a deficiência educacional é no mínimo ingenuidade, coisa de iluminista ou positivista. A economia é quem financia a educação, não o contrário. As condições materiais de uma sociedade determinam seu maior ou menor grau de educação. Se apenas uma pequeníssima parcela da sociedade (os escolhidos) detém o poder dos meios de produção, claro está que a outra grandiosa parcela desfavorecida e destituída de tais meios revoltar-se-á, ao menos alguns membros. Afinal, graças a Alá, nem todos se conformam com suas condições de miserabilidade!

Daniel Macedo Moura Fe

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