Enfim, depois de dois anos e meio de inércia, retorno com um mísero artigo ou sei lá que denominação devo lhe dar. Tentei publicá-lo no jornal Meio Norte, no Diário do Povo, no O Dia, etc. e ainda a audácia de ir ter com O Globo, Folha e Estadão, mas como sempre fui impiedosamente enxotado. O Ministério da Censura classificou-o como inapropriado aos bons costumes da sociedade. Mas um dia, com a fé de um bom cristão que tenho, conseguirei subornar a redação de um desses jornais! Nesse ínterim, peço aos puros de coração que não o leiam. Acusaríam-me de corromper vossos nobres valores!
Que por.. é essa!? Com exceção do meu amigo Thompson e de talvez o empreiteiro, madeireiro, latifundiário, colaborador e articulador de Bush na Derrubada de Chavéz do poder, médico e astuto político comprador de votos através da prescrição de mebendazol ao povão e ainda comedor de indiazinhas ingênuas na fronteira de Roraima com a Venezuela, o nosso amigo Ryan (os únicos que leram algo que escrevi de forma não forçada), ninguém lê o que escrevo. E aqui está eu introduzindo esse escrito como se escritor fosse! Ah, mais vamos lá!
Que por.. é essa!? Com exceção do meu amigo Thompson e de talvez o empreiteiro, madeireiro, latifundiário, colaborador e articulador de Bush na Derrubada de Chavéz do poder, médico e astuto político comprador de votos através da prescrição de mebendazol ao povão e ainda comedor de indiazinhas ingênuas na fronteira de Roraima com a Venezuela, o nosso amigo Ryan (os únicos que leram algo que escrevi de forma não forçada), ninguém lê o que escrevo. E aqui está eu introduzindo esse escrito como se escritor fosse! Ah, mais vamos lá!
O povo adora novela. Agora não apenas nossa magnífica Rede Globo reina nesse campo. As demais emissoras exibem novelas tão ou mais graciosas que as do nosso onipotente canal de televisão. Tais novelas são bastante educativas, e mesmo meros analfabetos que dantes não sabiam calcular a soma de dois mais dois, ao final de uma dessas importantes transmissões televisivas adquirem conhecimentos de numerologia, babalorixarismo, charlatanismo, amorologia, sendo irrelevante o fato de que continuam sem saber o resultado da soma de um mais um. Problemas Nacionais dão lugar a debates fervorosos que inflamam as conversas dos brasileiros num dia posterior a um decisivo capítulo de novela, e ainda é possível notar um grandioso e numeroso ar de surpresa quando o mocinho bonzinho todo legalzinho, depois de tantos desencontros, maldades e inveja provocados e invocados pelos vilões, os quais sempre são maus e sempre lutam pra separar os pombinhos, termina por ficar com a donzelinha, e vivem felizes para sempre! Ainda há quem se surpreenda com esse constante desenrolar das peripécias novelísticas!
A mais nova novela da nossa amabilíssima Globo e de toda a nossa piedosa imprensa, que sempre se apóia nos queridos astros e estrelas globais com vistas a uma maior audiência, chama-se Caso Nardoni – Linchemo-os ou deixemos a pátria. Nossa pia população, alvoroçada pela imprensa, se solidariza com o caso e até Sibilino da Silva, pobre agricultor do sertão nordestino, em consonância com toda a sociedade de bem declarou que se lhe fosse dada a oportunidade, esbofetearia, estrangularia, morderia, rasgaria com os dentes e jogaria aos cães os pedaços dos corpos dos malfeitores, pois, segundo ele “poderia ter sido com minha filha”. Esquece-se nosso pobre campônio que a probabilidade de que o mesmo fato aconteça com um de sua prole é nula, visto que sua singela casa de taipa nunca se metamorfoseará num luxuoso edifício de tantos andares. Esquece-se ainda que essa mesma imprensa que o alvoroça nesse caso particular não lhe deu o conhecimento minimamente enfático dado a esse caso nem os devidos esclarecimentos da chacina em que há pouco tempo nossos nobres e castos policiais praticaram contra trinta almas miseráveis do subúrbio carioca. Esse fato, felizmente, nos é facilmente justificado pela nossa pia Globo, imprensa e sociedade pura, de bem, defensora dos valores éticos, morais e religiosos da família brasileira e da pátria: “Esse fato (matança, açoite de pobres) não gera novela e, por conseguinte, não gera audiência que, por conseguinte, não gera publicidade e em última análise não gera dinheiro, pecúnia, bufunfa, grana, capital que nos faz transbordar de gordura a pança. É um assunto por demais político e social, que poderia gerar detestáveis debates intelectuais entre Cientistas Sociais chatos e chatos defensores da justiça social. Nossa fútil sociedade não merece passar por tais constrangimentos. Ademais, foram pra debaixo da terra e Oxalá pro inferno (onde não mais seremos incomodados, já que nossa pura sociedade cristã tem o seu terreno garantido no céu), sendo eliminados tão-somente mais trinta potenciais criminosos”.
Daniel de Macedo Moura Fe

Um comentário:
concordo plenamente...
mas pelo visto tu andas vendo muitas novelas, para ter idéias merabolantes sobre as mesmas para vir aqui a criticar, aheuiaehiaeuhaeuiehae
zoando
=p
concordo ... prefiro mais os pornôs da band do sabado pela madrugada *-*
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